quarta-feira, 26 de janeiro de 2011


Trilha radical na floreta paulistana

Para quem acredita que São Paulo é só trânsito, estresse, violência, poluição ambiental, ausência de verde e péssima qualidade de vida, é só chegar a zona norte para mudar de idéia.
Estou falando da região onde moro, e onde se encontra também o Parque Estadual da Cantareira, santuário natural que preserva uma das maiores manchas florestais urbanas do planeta, com 7.9 mil hectares de área e 90,5 quilômetros de perímetro.
E onde fiz a melhor e mais intensa trilha da minha vida, chamada trilha da Pedra Grande.
A Trilha da Pedra Grande possui o maior percurso de 9.500m, trata-se de uma antiga estrada que teve seu asfalto preservado. O ponto alto da trilha é a pedra grande, um grande afloramento rochoso de granito, onde devido á sua posição geográfica permite que a cidade seja vista do Norte para o Sul, e em dias mais claros pode-se ver trechos da serra do mar.
Como parque estadual, a Cantareira está voltada para o ecoturismo: são caminhos e trilhas no meio da mata que permitem que o visitante entre em contato com a natureza, conheça a mata atlântica e possa até mesmo observar alguns animais.
O nome Cantareira foi dado à serra pelos tropeiros que a atravessavam, pois aqui havia grande quantidade de nascentes e córregos. Na época, armazenava-se a água em cântaros, grandes jarros ou vasos, que, por sua vez, eram guardados em prateleiras chamadas cantareiras.
Para chegar à Pedra Grande, enfrenta-se um caminho pavimentado de mais de 4,5 km só de ida, boa parte dele em subida, são 3 horas ida e volta.
Para os que gostam de andar em meio à mata, ver lindas vistas e belos horizontes é um excelente passeio e aventura.
Bem cansativo também, principalmente para quem não está acostumado, é preciso se alimentar bem antes, o melhor horário é o da manhã, visto que os melhores dias para se ir são no calor, se você for tarde não aguentará o sol abrasador na subida da trilha. É bom também levar lanche visto que o local não dispõe de lanchonetes, e é sempre uma delícia ao chegar à pedra depois de uma trilha tão cansativa, fazer um piquenique com os amigos, é mais legal e divertido ir em turma para fazer a trilha.
A trilha é toda florida, no entorno, com marias-sem-vergonha das mais diversas cores, é muito bonita.
No dia em que eu fui era um domingo de sol muito quente como os que tem feito nos últimos dias, fomos bem cedo, eu , o pai de uma amiga, e mais duas amigas.
Moro bem próximo ao Horto Florestal, mas fomos de carro até a entrada do Parque da Cantareira, compramos os ingressos e começamos a caminhada.
Nos primeiros 30 minutos de leve subida começou a suadeira, e claro a imensa vontade de voltar pra casa e largar tudo prá trás , que sempre me dá na primeira meia hora de qualquer exercício, o cansaço vai batendo, a respiração fica mais lenta, e a sede, nossa que sede dá, imaginem que esqueci de levar uma garrafa com água, aquele calor que já tinha ultrapassado todos os limites, isso porque era cedo hein, a boca secou de um jeito que prá chegar até o final da trilha foi um Deus nos acuda.
Mas fui subindo, esbaforida, suando, mas caminhando no meu ritmo normal, e claro parando para respirar. No percurso é sempre muito engraçado, uma predominância de casais de namorados, alguns adolescentes em bando, um ou outro casal jovem carregando alguma criança que já estava cansada. E fui subindo e bufando,claro que a garganta começou a querer fechar, mas enfim depois de quase desistir cheguei lá. Sentei na pedra para ver uma das melhores vistas que se pode ter de São Paulo, meio a meia dúzia de casais de namorados e de famílias que pareciam fazer piquenique lá em cima. Durante quinze minutos eu fiquei lá, sentada, respirando, recuperando o fôlego, bebendo água da minha colega que claro já não estava gelada.
Depois que se chega lá em cima, toda aquela raiva passa lógico e a gente passa a dar risada, e a pensar na aventura que foram aqueles momentos, daquela subida que parecia ser interminável. Após ficar ali contemplando aquela linda vista, tudo passa a valer a pena e não dá nem vontade de voltar para casa, cada momento passa a fazer sentido, é um lindo lugar para se meditar, contemplar a natureza e a beleza de tudo que Deus criou e agradecermos por estarmos vivos.
Na volta pra casa torna-se um passeio e uma aventura inesquecíveis, daqueles que guardamos na memória pra sempre, e que apesar de todos os percausos pela inesperiência e sedentarismo tipícamente paulistanos, ficamos com uma imensa vontade de repetir muitas outras vezes.
A e da próxima vez não vou esquecer de levar a água e o lanche em uma mochila bem leve é claro.

Um comentário:

  1. Here I go again! Vou tentar deixar o meu comentário. Deu vontades de ir logo para a Serra.

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