quinta-feira, 28 de julho de 2011

Difícil é não se emocionar

Uma mistura de ternura, delicadeza, sensibilidade e inteligência, fazem do filme “Minhas tardes com Margueritte”, uma lição de vida inesquecível.
Germain um cinqüentão semi-analfabeto, que pelo conhecimento simplório articula certas palavras com dificuldade, e apesar de rude no trato social cotidiano, é um ser humano extremamente afetuoso.
Fato que chama a atenção por ter sido sempre repreendido de forma humilhante pelo professor e seus colegas quando criança, cada vez que errava uma lição, e maltratado pela mãe que nunca soube expressar seu afeto por ele até a morte.
Poético, com mensagens que não escapam facilmente, o filme mostra que além da leitura e do acesso ao conhecimento formal, generosidade e simplicidade, são qualidades primordiais, que nunca saem de moda.
É uma história de um daqueles improváveis encontros, que podem mudar a sua vida, onde faz nascer uma amizade pura, entre a doce Margueritte, uma senhora apaixonada por livros, porém solitária que vive numa casa para idosos, e passa suas tardes num banco de uma praça lendo seus livros, e Germain, um homem maltratado pela vida, mas com um coração enorme.
Desses encontros que se tornam freqüentes, surge essa bela amizade, uma celebração da vida, sobre a beleza e a profundidade que as relações humanas podem alcançar.
Retrata as diferenças, que mais do que atrair, complementam as pessoas, as belas e simples coisas da vida, o amor, a morte, a solidão, o abandono.
De forma sutil, é uma obra que faz acreditar que a vida vale a pena, Margueritte é uma senhora que não tem pressa de ensinar, saboreia cada momento ao lado de Germain, porque educar é provocar experiências inesquecíveis, despertar o interesse, fomentar a reflexão.
Ela diz que Germain, é um ótimo leitor porque escuta atentamente a leitura com os olhos fechados, imaginando tudo, como as crianças que se acostumam com a leitura em voz alta.
Margueritte entende que educar é antes de tudo, colocar amor e delicadeza no processo que forma os outros.
Lembrar-nos das coisas mais importantes da vida, aquelas que involuntariamente costumamos esquecer, por estarmos ocupados demais, com uma multidão de solicitações que recebemos diariamente, é a função de “Minhas Tardes com Margueritte”, que lapidou Germain como um diamante bruto, através da palavra, com a literatura, trouxe aquele “menino acuado”, que Germain trazia dentro de si, para uma realidade de luz, amor, generosidade e gratidão.

Provérbios populares que o tempo não apaga

Como a batatinha quando nasce espalha sua rama pelo chão, na sova, o substantivo “rama” do versinho original, virou verbo “esparramar”.
As cozinheiras negras da época do Brasil colonial, faziam um doce de amendoim e açúcar queimado, que ao tirarem do tacho quente, colocavam na janela para esfriar, os meninos passavam pela rua e roubavam os pedaços do doce, e as cozinheiras gritavam: Não rouba moleque, “Pede moleque”, “Pede moleque”.
Era o Pé de moleque, que nascia de um roubo de doce, de moleques descalços pelas ladeiras dos nobres das Minas Gerais.
E um tal coronel, pai de um jovem alferes, para não se casar com a linda mulata, de olhos de mar, mas sem dotes, ou seja, sem eira nem beira, muito menos tri beira.
Para decifrar este enigma era só olhar para as casas, cujos telhados de antigamente, possuíam esses beirais, em uma, duas, ou três fileiras, que conferiam logo nas fachadas das casas, status ao dono do imóvel, de acordo com suas posses ou títulos.
Na época do Brasil Império, os homens que realmente mandavam no país, costumavam se encontrar num prostíbulo do Rio de Janeiro, cuja proprietária se chamava Joana. Lá na casa da Mãe Joana, ninguém mandava em ninguém, era só orgia.
Lá atrás, antes de Cristo, os povos incomodados com as invasões romanas, quando passavam com suas caravanas de soldados, soltavam a seguinte frase “Quem tem boca VAIA Roma”, e todos vaiavam soldados e centuriões, mais tarde a frase foi dita para os peregrinos, que se perdiam pela Europa, bastava seguir perguntando, qual era o caminho para Roma, para quem tinha boca.
Um juiz do império romano, sempre dava ganho de causa aquele que o favorecia com os melhores presentes. Tal juiz cujo nome era, Lucius Aulicus Rufilus Appius, assinava as suas sentenças, assim, L.A.R.Appius, surgia o Larappius, que viria a ser gatuno.
Heráclito, mandava esculpir as frases que mais gostava, na lápide de pedra, nascia o verbo “lapidar”.
No renascimento David, a estátua de Michelangelo foi esculpida em mármore carrara, a população que não tinha ideia, do que fosse esculpido e muito menos Carrara, que é uma cidade da Itália, mudou a expressão para “cuspido e escarrado”, ambos significavam idênticos, a mesma cara.
Dom Sebastião, rei de Portugal, havia morrido, mas seu corpo nunca foi encontrado. Por este motivo o povo se recusava a acreditar na morte de seu monarca, era comum as pessoas visitarem o Alto de Santa Catarina, em Lisboa, para esperar pelo rei, como ele não voltava, o povo ficava lá em cima do morro, triste, olhando para o mar A VER NAVIOS.
Os portugueses encontravam uma enorme dificuldade de entender o que os frades italianos patavinos falavam, sendo assim não entender “patavina”, significa não entender nada.
As primeiras telhas dos telhados, nas casas aqui no Brasil eram feitas de argila, que eram moldadas nas coxas dos escravos africanos. Como cada escravo variava de tamanho e porte físico, as telhas até hoje chamadas de coloniais, ficavam desiguais, devido aos diferentes tipos de coxa. Daí a expressão “fazer nas coxas”, de qualquer jeito.
Que criança já não ouviu a expressão: Você tem o bicho carpinteiro, pelo fato de não parar quieta, e ficou imaginando que profissão poderia ter no futuro, como José por exemplo, que era carpinteiro, até o dia que alguém lhe diz, que a frase na verdade significa, parece ter bicho no corpo inteiro.
E nem tudo está perdido, quando existe o gato, pois quem não tem cachorro, caça COMO o gato, ou seja, sozinho, uma vez que gato não caça.


By Pedro Costa.